1. O que é?
Os nevos melanocíticos congênitos são lesões pigmentadas presentes na pele, como grandes pintas. É identificado desde o nascimento, já que é causado por um erro na formação do bebê, dentro do útero. Algumas células deixam de se movimentar como deveriam, acarretando em acúmulo de melanócitos na pele, as células que dão a tonalidade mais escura, de pintas.
As lesões são classificadas de acordo com a sua extensão:
2. O nevo congênito é comum?
A cada 100 crianças, 1 nasce com um nevo melanocítico congênito. Contudo, a maioria são nevus pequenos. A cada 20.000 crianças nascidas, apenas 1 apresenta nevos gigantes.
3. Há risco de câncer (melanoma)?
Sim. As células pigmentadas, os melanócitos, têm o risco de virar um tumor maligno – O melanoma. A chance de ocorrer é bem controversa nos estudos médicos. A maioria dos estudos apontam um risco de 2,8 a 8,5% de virar um melanoma.
4. Quem apresenta o nevo melanocítico precisa realizar algum exame?
Os pacientes que apresentam nevus melanocítico gigante podem ter o que chamamos de melanose neurocutânea. Basicamente é a presença dos melanócitos na parte neurológica, o que pode ocasionar sintomas neurológicos logo nos primeiros anos de vida. Além disso, há o risco melanoma nessa região.
É indicado realizar uma ressonância nuclear magnética nos pacientes que apresentam nevus melanocíticos congênitos grandes ou gigantes, principalmente se apresentar os seguintes fatores de risco:
• Presença de mais de 20 nevus menores periféricos (nevos satélites)
• Nevus localizados no meio do corpo (linha média)
• Nevus em cabeça ou pescoço
5. Preciso acompanhar com quais especialistas?
Além do seguimento normal com o pediatra, os pacientes com nevus melanocíticos congênito deve ter seguimento anual com dermatologista para o rastreio de lesões suspeitas para melanoma. O seguimento com o cirurgião plástico é realizado quando há a programação de retirada do nevo. Quando há a melanose neurocutânea, é necessário o seguimento com neuropediatra ou neurologista.
6. Preciso retirar o nevo?
A melhor resposta para essa pergunta é o famoso: Depende. Vamos entender.
Existem 3 indicações para a retirada cirúrgica das lesões.
• Diminuir risco de melanoma: a retirada da pele acometida, que possui mais melanócitos, diminui o risco de desenvolver o melanoma.
• Lesões sintomáticas, que geram coceira, sangramento ou incômodo para sentar, andar ou alguma outra função cotidiana.
• Para amenizar o impacto psicológico ao paciente, melhorando a auto-estima e evitando estigmas sociais, como o bullying.
Cada paciente é individual e assim deve ser o seu tratamento. Sempre comento com as famílias que é necessário colocar na balança o risco x benefício do procedimento cirúrgico. Acredito que seja muito benéfica a retirada do nevus, desde que deixe uma cicatriz adequada, sem sequelas ao local. O paciente tem o risco de melanoma diminuído e a lesão pode até ser totalmente retirada, tratando a parte psicológica.
Por outro lado, quando a cirurgia vai trazer muitas sequelas ao paciente, não costumo indicar o procedimento. Estaríamos trocando a lesão pigmentada por uma cicatriz inestética, acaba não melhorando a parte psicológica e o benefício não é atingido.
Assim, cada paciente deve ser avaliado de forma individualizada. O procedimento cirúrgico deve ser programado e o risco x benefício avaliado.
7. Como devo conversar com meu filho(a) sobre o nevus?
Este ponto é muito delicado, cada família apresenta uma dinâmica particular. Contudo, posso deixar algumas dicas de sucesso que tenho visto na prática:
• Explicar que a mancha é algo normal, o faz ser diferente, mas ao mesmo tempo igual a todo mundo.
• Alguns tem manchas, outros tem orelhas proeminentes, cada um tem uma coisa diferente no seu corpo e está tudo bem.
• Fortalecer que a criança é linda. Elogios melhoram sua auto-estima e confiança.
• Participar a criança do processo de decisão da cirurgia. Explicar o motivo de realizar exames e procedimentos. Tornar ela parte do processo.
• Dar apoio e ajudar a contornar situações de bullying
Costumo sugerir o apoio de um psicólogo, principalmente especializado em crianças, quando percebo que a criança precisa de mais suporte. Esse profissional ajuda em muito em todas as fases do processo.
Gravei um vídeo que pode auxiliar as famílias nesse apoio psicológico à criança, sobretudo quando vai passar por uma cirurgia:
8. Como é a cirurgia para o nevo piloso gigante ou nevo neomelanocítico congênito?
Basicamente existem 3 procedimentos cirúrgicos para a remoção dos nevos. Cada caso deve ser programado de forma individual, de acordo com a distribuição da sua lesão no corpo.
• Retirada e fechamento primário (cicatriz linear)
• Uso de expansores de pele
• Retirada e colocação de enxerto de pele
9. A cirurgia gera muitas sequelas?
Quando bem indicada, bem realizada e bem cuidada no pós-operatório, a cirurgia não gera sequelas. É inevitável que o paciente vá ter uma cicatriz, mas procuro sempre deixar a menor, melhor e mais escondida possível.
10. A partir de que idade posso começar a operar o nevus melanocítico congênito?
Costumo recomendar o início dos procedimentos cirúrgicos ao redor dos 6 anos. Precisamos considerar a maturidade da criança e o desejo de realizar a cirurgia. Se o procedimento é realizado contra a vontade da criança, observo que colabora pouco no pós-operatório e o resultado é pior.
Opero crianças menores quando estas apresentam uma lesão suspeita de melanoma ou uma parte sintomática, que impacta no dia a dia da família, como higienizar após evacuações ou sangramentos recorrentes.
Reuni as 10 perguntas mais frequentes e importantes que vejo na prática de atendimento aos pacientes com nevo melanocítico gigante. Certamente novas dúvidas surgirão e estou à disposição para esclarecer. Entre em contato com nossa equipe!