Toda ferida passa pela cicatrização, seja ela acidental ou a ferida operatória de um procedimento estético. A produção e deposição de colágeno é uma etapa importantíssima deste processo.
Por alguma alteração genética ainda não esclarecida, alguns pacientes produzem muito colágeno durante a cicatrização, em uma resposta exagerada, como se as células não soubessem a hora de parar. O resultado é uma cicatriz grande, que ultrapassa as margens da ferida, algumas vezes dolorosa e que gera coceira. Chamamos essa cicatriz de queloide.
O que causa o queloide?
Ainda não foi descoberta a causa para essa reação exagerada. Existe algum erro genético envolvido, como se houvesse células de colágeno (fibroblastos) mais reativos, exagerados. Uma observação que apoia essa teoria é o fato de ser mais comum em certas etnias, afrodescendentes e asiáticos.
Apesar disso, sabemos que existe um componente ambiental importante também. Situações que estimulam a inflamação local aumentam a chance de desenvolver a cicatriz queloideana, como infecções e feridas que demoram para cicatrizar.
Como sei que é queloide?
O diagnóstico de certeza é realizado com a análise da cicatriz com microscópio, pelo patologista. Contudo, o especialista consegue fazer o diagnóstico apenas examinando o paciente, ao encontrar as características típicas da cicatriz queloideana:
• Cicatriz elevada
• Avermelhada ou escurecida
• Os limites ultrapassam as bordas da ferida
• Pode ocasionar dor e coceira
• Mais comum nos ombros, orelhas e região pré-esternal (entre as mamas, no meio do tórax)
É muito comum os pacientes confundirem queloide com cicatriz hipertrófica. Ambos são erros de cicatrização, com maior produção de colágeno. Contudo, a hipertrófica não tem a influência genética que vemos no queloide. Ocorre principalmente em feridas que estão cicatrizando em áreas de tensão. Um exemplo muito comum é a cicatriz da cesárea. Após o parto, a mãe precisa cuidar da criança e acaba não tendo a restrição de movimentos ideal para a cicatrização. Em consequência, a cicatriz fica aumentada, avermelhada, mas respeita os limites da ferida e não gera sintomas. Essa alteração se resolve sozinha na maioria das vezes. Essa é a história típica de uma cicatriz hipertrófica.
Como posso tratar o queloide?
O melhor tratamento para o quelóide é composto por:
1. Remoção cirúrgica, realizando uma cicatriz com os cuidados adequados.
2. Realização complementar de betaterapia (ou triancinolona)
3. Compressão local.
A combinação dos 3 processos é essencial para ter um bom resultado e evitar recidivas da cicatriz queloideana. Cada processo é muito importante e têm suas particularidades.
• O procedimento cirúrgico deve ser realizado de forma apropriada, evitando os fatores que aumentam a inflamação da ferida, como muita tensão para fechar ou o uso de fios inapropriados
• A betaterapia é a melhor terapia complementar à cirurgia. Contudo, é contraindicada em crianças e gestantes, pelo risco carcinogênico. Nestes casos, utilizamos a triancinolona (Triancil), um corticóide. Este medicamento também é indicado antes do procedimento quando o queloide precisa ser “amolecido” para facilitar a sua remoção.
• A compressão da ferida operatória diminui a tensão e mobilidade da ferida e pressiona o local, dois fatores que reduzem o processo inflamatório.
Então o queloide pode voltar?
Sim. Pacientes que apresentam a programação genética para a cicatriz queloideana têm um risco aumentado de ter recidiva. Entretanto, vemos bons resultados quando o tratamento é realizado de forma integral, seguindo rigorosamente os 3 passos comentados.
Agende sua consulta
Atendo rotineiramente pacientes com queloide. Vejo o incômodo que as cicatrizes geram, tanto físicos quanto psicológicos. Entre em contato conosco caso tenha se identificado com as descrições acima ou está em dúvida se possui a cicatriz queloideana. Vamos realizar o processo de forma integral, buscar o melhor resultado possível juntos!